quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Bocejos

Li no outro dia que o acto de colocar a mão à frente da boca quando se boceja tem raízes na mitologia popular, já que antigamente se acreditava que assim se impedia a alma de sair do corpo. Não deixa de ser engraçado verificar que, como tudo o resto na vida, mesmo os gestos mais simples e banais têm uma explicação. E esta história da alma permite-nos perceber o dia-a-dia de outras maneiras. Quem leu o Alquimista e outros que tais conhece (se acredita ou não já é outra história...) a história da formação das Almas. Primeiro só existia uma, que se dividiu e deu origem a outra e assim por diante até existir uma infinidade de Almas. Assim, a cada Alma corresponde uma Alma-gémea que vive num qualquer corpo, numa qualquer pessoa, cabendo a cada um de nós encontrar essa pessoa e essa Alma que nos completa. Por isso, na próxima vez que andarem de metro ou de autocarro ou estiverem ao balcão de um bar e virem alguém que vos faça sentir aquele aperto no estômago e o sangue quente nas veias, as ideias a fugirem e a garganta a ficar seca, não se atrapalhem. Cheguem-se ao pé da pessoa e bocejem discretamente, mas deixem a vossa Alma sair - nem que seja só um bocadinho, por causa da boa-educação. É que as Almas estão sempre à procura da sua metade, que pode estar aqui ou ali ou em qualquer lado; por isso, se a pessoa em questão for a tal, irá bocejar em resposta e deixar a sua Alma correr para a vossa. E aí irá olhar para vocês. E sorrir.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

... fugaz?...

Olhas e sabes que está lá, mas não a consegues agarrar. A vida, como a luz, é fugaz, é um momento, é um flash. Só podes abrir bem os olhos e tentar não a deixar passar por ti...
O tempo passa e a pele enruga-se, ao sabor dos pensamentos. Não sei se faz sentido, nada faz sentido se pensarmos nisso, tudo passa e tudo acaba e chega uma altura em que só podemos olhar para trás, porque já não conseguimos olhar o horizonte. E só posso imaginar a tristeza desse momento, o desespero de não sentir o controlo nas minhas mãos, de ver a vida a esvair-se por entre os dedos como grãos de areia num deserto imenso. Porque tudo acaba e tudo passa mesmo que um dia sejamos Deuses...