terça-feira, outubro 10, 2006

Um Fio (Quase) Invisível


Mais uma viagem para a outra (esta) margem, mais um dia sem te ver. Entro no cavalo metálico que faz a carreira até ao meu castelo (parece-me que já de olhos fechados) e imagino o dia em que estarás nesta (outra) margem à minha espera, no alto da nossa torre, a acenar-me, sorridente, com o cabelo ao vento.
Pego na sacola e reparo no fio negro que me acaricia o pulso - um fio (quase) invisível, moldado por dedos pequeninos, guiados por olhos grandes e um coração imenso. Escolheste-o com cuidado, por entre uma floresta impenetrável de cabelos com reflexos cor de noite, e com a graciosidade das princesas dos contos de fadas, pegaste-me na mão e ofereceste-me parte de ti. Com dedos pequeninos e um coração imenso, sorriste com os teus olhos grandes e disseste "Já está!".
E assim, apesar de (ainda) não termos uma torre só para nós, durmo todas as noites feliz no meu castelo, contigo enroscadinha no meu corpo...