domingo, julho 23, 2006

Alquimia

Na quietude da meia-noite conversamos com o olhar. Esquivo, ardente, ansioso, sincero. Oiço a tua voz na minha cabeça, perguntando-me se conseguirás escutar os meus pensamentos na tua. O silêncio torna-se som. E com um simples movimento, tudo deixa de existir, excepto nós. Já não tenho que acordar às 7h, amanhã...
Pego na caixa - "Parece pêssego, vês?" - e sorrio. Está ali o bater do teu coração. Ainda bem que resolveste entregar-mo em mão e não através da janela.
"Vamos ao sítio dos namorados?..." Todas as cidades têm um, mas este é o meu preferido: podemos caminhar pela estrada deserta, descer montes, subir uma montanha, descalçarmo-nos na relva, escutar o rio ou contar as estrelas. É fácil fazer tudo o resto desaparecer, num local assim. Tal como é fácil transformares todas as situações em momentos mágicos, quando sorris. "Nunca te contei?" Não, nunca me tinhas dito que eras alquimista; mas calculo que sempre o soube...