O Dia-Não (ou as Insónias enquanto Sintoma de Insatisfação)
Era uma vez uma menina que não conseguia dormir. Quer dizer, ela conseguir, conseguia, mas só de vez em quando. Dizia a menina que tinha um padrão: nas “alturas más”, ficava acordada três-dias-sim-um-dia-não. E ficava muito aflita, a pensar que os três-dias podiam tornar-se quatro-dias e depois cinco-ou-seis, e que nunca mais ia conseguir dormir o suficiente para sonhar os sonhos que as meninas sonham. Porque as crianças sonham muito, e aquela não era excepção; aliás, ela sonhava até de olhos abertos. Naqueles olhos castanhos, grandes e profundos, cabia o mundo inteiro, as coisas de ontem e as de amanhã – porque as de hoje passavam sempre num instante, num piscar de olhos, engolidas pelas pestanas vorazes da menina.
A vida corria, ali, a grande velocidade, com o perigo a espreitar a cada gesto, a cada palavra, a cada olhar, mas sempre a acelerar, porque quando se pára nem sempre se consegue arrancar outra vez. Era isso que pensava a menina, quando se voltava e (re)voltava na cama, num frenesim ritual que se repetia três-dias-sim-um-dia-não. E há tantas coisas para fazer, mesmo quando não se vê nada e só se ouve o relógio tIC-tAc-TiC-taC!
A menina, pequenina, sai da cama de mansinho e vai fazer. Qualquer coisa. O que importa é não estar parada.
Não demora muito até o sol entrar, guloso, pelas frechas da janela - ou seriam os pais da menina? -, a chamá-la para a escola. Um beijo grande e um sonoro “Bom dia!”, são quase tão bons como torradas e leite com chocolate... mas hoje a menina não sorri, não fala e não se mexe. A vida corre mais devagar, com as coisas de ontem a parecerem muito longe e as de amanhã desfocadas - viver o dia-a-dia é difícil, quando percebemos que as coisas de hoje não nos agradam. Mas às vezes é preciso parar. O Mundo continua a estar lá para o abraçares com as duas mãos, menina; podes parar e sonhar descansada.
A vida corria, ali, a grande velocidade, com o perigo a espreitar a cada gesto, a cada palavra, a cada olhar, mas sempre a acelerar, porque quando se pára nem sempre se consegue arrancar outra vez. Era isso que pensava a menina, quando se voltava e (re)voltava na cama, num frenesim ritual que se repetia três-dias-sim-um-dia-não. E há tantas coisas para fazer, mesmo quando não se vê nada e só se ouve o relógio tIC-tAc-TiC-taC!
A menina, pequenina, sai da cama de mansinho e vai fazer. Qualquer coisa. O que importa é não estar parada.
Não demora muito até o sol entrar, guloso, pelas frechas da janela - ou seriam os pais da menina? -, a chamá-la para a escola. Um beijo grande e um sonoro “Bom dia!”, são quase tão bons como torradas e leite com chocolate... mas hoje a menina não sorri, não fala e não se mexe. A vida corre mais devagar, com as coisas de ontem a parecerem muito longe e as de amanhã desfocadas - viver o dia-a-dia é difícil, quando percebemos que as coisas de hoje não nos agradam. Mas às vezes é preciso parar. O Mundo continua a estar lá para o abraçares com as duas mãos, menina; podes parar e sonhar descansada.
Amanhã é dia-não.
3 Comments:
eu acredito em dias-não! ou se calhar há dias em q n acordamos mesmo?!
Olha a minha amiga Mucifali comenta no blog do meu amiguito Tiago!! ihihihihiih
Que fixe!!!!!!
Vejam lá é se comentam no meu ouviram?????? IoI
Beijinhos da Ida!!!! *
Titi,
Gosto muito de te ouvir falar (ou de ter ver escrever...) da Inês aos trambolhões desta forma tão perfeita e carinhosa. Sinto-me bem e feliz por ver que posso contar contigo para deixar segura aquele ser tão bonito que é a Becas.
Um grande abraço e continua assim (a gostar da Inês, cada vez mais, e a escrever tão bem)
pedro
Enviar um comentário
<< Home