quarta-feira, novembro 24, 2004

O (Des)Conhecido

A minha namorada dizia-me no outro dia que tudo existe aos pares, e deu-me vários exemplos: os olhos, as mãos, as narinas, os maxilares, os braços, as pernas, as rosas dos monhés (pronto, esta fui eu que inventei agora...) e até as pessoas. Aliás, esta Lei dos Pares parece à primeira vista uma Lei Universal, tal como a Proporção Divina (leiam o Código Da Vinci) - de outra maneira, não se compreende como é que milhares de pessoas insistem obssessivamente em relações destinadas ao fracasso, enquanto as que estão "sozinhas" andam desesperadas à procura de companhia, quais galinhas tontas à procura de milho no chão...
Mas a teoria da minha namorada, embora romântica e, sem dúvida, válida para muitos aspectos deste Caos Harmonioso em que vivemos, não é universal. Como, de resto, não é universal nenhuma teoria que nos tentem impingir ou que tentemos impingir aos outros. Porque uma teoria é apenas isso, uma hipótese explicativa, uma tentativa de dar sentido e significado a algo que não compreendemos - porque o Desconhecido atrai mas também repele. E se pudermos dizer que determinada coisa é assim porque..., mesmo que não o seja, podemos avançar e continuar o nosso caminho até ao próximo Desconhecido. A questão é que, mais cedo ou mais tarde, as teorias acabam por ceder podendo então acontecer uma de duas coisas: ou somos puxados para trás, obrigados a meter por outros caminhos e a construir tudo de novo; ou então somos empurrados para a frente, num processo imparável em que novos Desconhecidos se tornam instantâneamente Conhecidos permitindo arrepiar caminho pelo meio do Caos.
Tudo isto para explicar que a Lei dos Pares cedeu - a não ser que alguém me prove que as notas (de 50 euros, preferencialmente), as boas notícias e os discos dos Deftones vêm sempre aos pares.